Technovation
Autor: Wang, T.
Ano de publicação: 2023
Neste resumo, vamos te explicar um artigo acadêmico muito interessante sobre o fracasso na inovação. Os autores estudaram como o momento do fracasso na inovação afeta o aprendizado e o desempenho das empresas.
Sobre o artigo
A inovação é muito importante para o crescimento econômico e para a vantagem competitiva das empresas. Mas inovar não é fácil.
Muitos projetos de inovação fracassam por causa das mudanças rápidas e imprevisíveis da tecnologia e do ambiente. Por isso, aprender com o fracasso na inovação é essencial para melhorar a capacidade de inovar no futuro. Mas nem todo fracasso é igual.
O fracasso pode acontecer em diferentes estágios do processo de inovação, desde a geração da ideia até o lançamento do produto no mercado. O momento do fracasso pode influenciar o tipo de feedback que as empresas recebem e o quanto elas aprendem com a experiência.
Os autores queriam entender melhor como o momento do fracasso na inovação afeta o aprendizado e o desempenho das empresas.
Referencial teórico
Os autores usaram dois conceitos principais para analisar o problema: o ciclo de vida da inovação e a curva de aprendizado. O ciclo de vida da inovação é uma forma de dividir o processo de inovação em diferentes estágios, cada um com características e desafios próprios.
Os autores usaram uma divisão simples em dois estágios: o estágio inicial e o estágio final. O estágio inicial é quando a empresa gera e seleciona as ideias para novos produtos ou serviços.
O estágio final é quando a empresa desenvolve e comercializa os produtos ou serviços escolhidos.
O fracasso pode acontecer em qualquer um desses estágios, mas com consequências diferentes.
A curva de aprendizado é uma forma de representar como o conhecimento aumenta com a experiência.
Quanto mais experiência uma empresa tem em um determinado domínio, mais ela aprende e mais eficiente ela se torna. Mas nem toda experiência é igualmente útil para o aprendizado. Algumas experiências podem ser mais relevantes, mais rápidas ou mais claras do que outras.
Os autores argumentaram que as experiências de fracasso no estágio inicial são mais favoráveis ao aprendizado do que as experiências de fracasso no estágio final.
Isso porque as experiências de fracasso no estágio inicial são mais frequentes, mais baratas, mais rápidas e mais salientes do que as experiências de fracasso no estágio final.
Metodologia da pesquisa
Os autores testaram suas hipóteses usando dados de desenvolvimento de medicamentos na indústria biotecnológica.
Eles escolheram essa indústria porque ela é altamente inovadora e competitiva, mas também tem uma taxa de fracasso muito alta.
Eles coletaram dados de 1.052 empresas biotecnológicas dos Estados Unidos que desenvolveram 4.154 medicamentos entre 1990 e 2018.
Eles usaram uma base de dados chamada Pharmaprojects, que registra todas as etapas do desenvolvimento de medicamentos, desde a descoberta até a aprovação.
Os autores mediram o momento do fracasso na inovação usando a fase em que o medicamento foi descontinuado.
Eles classificaram os medicamentos em duas categorias: os que fracassaram no estágio inicial (antes dos testes clínicos) e os que fracassaram no estágio final (durante ou depois dos testes clínicos).
Eles mediram o aprendizado das empresas usando a taxa de sucesso dos medicamentos subsequentes desenvolvidos pela mesma empresa. Eles mediram o desempenho das empresas usando o valor de mercado das ações das empresas.
Os autores usaram técnicas estatísticas para controlar outras variáveis que poderiam afetar os resultados, como o tamanho da empresa, o tipo de medicamento, o ano de desenvolvimento, etc.
Eles também fizeram vários testes adicionais para verificar a robustez dos resultados.
Descobertas do artigo
Os autores encontraram evidências que apoiam suas hipóteses.
Eles descobriram que:
- As empresas que fracassaram no estágio inicial aprenderam mais do que as empresas que fracassaram no estágio final. Isso significa que as empresas que fracassaram no estágio inicial tiveram uma taxa de sucesso maior nos medicamentos subsequentes do que as empresas que fracassaram no estágio final.
- O aprendizado das empresas que fracassaram no estágio inicial foi mais específico para o estágio inicial do que para o estágio final. Isso significa que as empresas que fracassaram no estágio inicial tiveram uma taxa de sucesso maior nos medicamentos subsequentes no estágio inicial do que no estágio final.
- O aprendizado das empresas que fracassaram no estágio final foi mais específico para o estágio final do que para o estágio inicial. Isso significa que as empresas que fracassaram no estágio final tiveram uma taxa de sucesso maior nos medicamentos subsequentes no estágio final do que no estágio inicial.
- As empresas que tinham mais recursos disponíveis (como dinheiro, pessoal, equipamentos, etc.) conseguiram transferir melhor o conhecimento adquirido em um estágio para outro. Isso significa que as empresas com mais recursos tiveram uma taxa de sucesso maior nos medicamentos subsequentes em ambos os estágios do que as empresas com menos recursos.
- O aprendizado das empresas afetou positivamente o desempenho das empresas. Isso significa que as empresas que aprenderam mais com o fracasso na inovação tiveram um valor de mercado maior do que as empresas que aprenderam menos.
Limitações do estudo
Os autores reconhecem algumas limitações do seu estudo.
Eles apontam que:
- O estudo se concentrou em uma única indústria e em um único tipo de inovação. Portanto, os resultados podem não ser generalizáveis para outras indústrias ou tipos de inovação.
- O estudo usou uma medida simples e binária para o momento do fracasso na inovação. Portanto, os resultados podem não capturar a complexidade e a diversidade dos processos de inovação.
- O estudo usou uma medida indireta e agregada para o aprendizado das empresas. Portanto, os resultados podem não refletir os mecanismos e os processos reais de aprendizado nas empresas.
- O estudo usou dados históricos e observacionais. Portanto, os resultados podem estar sujeitos a problemas de causalidade e endogeneidade.
Conclusões do artigo
Os autores concluíram que o momento do fracasso na inovação é um fator chave para determinar o feedback e o aprendizado das empresas.
Eles mostraram que as empresas aprendem mais efetivamente com os fracassos no estágio inicial do que com os fracassos no estágio final da inovação.
Eles também mostraram que o conhecimento adquirido em um estágio pode não ser útil para outro estágio da inovação.
Eles sugeriram que as empresas devem considerar o momento do fracasso na inovação ao planejar e gerenciar seus projetos de inovação.
Eles também sugeriram que as empresas devem investir em recursos que possam facilitar a transferência de conhecimento entre os estágios da inovação.
Na prática
Com base nesses achados, o autor sugere algumas dicas para os profissionais de negócios que querem aproveitar melhor os fracassos da inovação:
- Adote uma estratégia de falha rápida. Tente testar suas ideias e hipóteses o mais cedo possível no processo de inovação, para obter feedback rápido e evitar desperdícios de tempo e dinheiro.
- Aprenda com os fracassos dos outros. Busque informações sobre os projetos de inovação que falharam em sua indústria ou em outras indústrias relacionadas. Analise as causas e as lições aprendidas com esses fracassos e veja como elas podem se aplicar ao seu contexto.
- Invista em recursos ociosos. Reserve uma parte dos seus recursos (financeiros, humanos, materiais etc.) para atividades exploratórias e experimentais. Use esses recursos para testar novas ideias, combinar diferentes tipos de conhecimento e se adaptar às mudanças ambientais.
- Cultive uma cultura de aprendizagem. Encoraje seus colaboradores a assumir riscos calculados, a compartilhar suas experiências de fracasso e a buscar feedback construtivo. Reconheça e recompense os esforços de aprendizagem, não apenas os resultados.
Wang, T. (2023). Rumo a uma compreensão do fracasso da inovação: o momento da experiência de fracasso. Technovation, 125, 102787.